MÁRCIO BATISTA
( Brasil – São Paulo )
É poeta, produtor cultural e professor de Educação Física.
É Autor de Meninos do Brasil. Um dos principais poetas da Cooperifa, também poemas publicados nas antologias O rastilho da pólvora e no CD Sarau da Cooperifa.
É produtor cultural, um dos articuladores de atividades da Cooperifa, exerce as funções de professor de diretor de escola, em quais fomenta cultura e atividades físicas aos estudantes, professores e demais funcionários.
Foto e biografia: https://www.revistapixe.com.br/marcio-batista
NEGRO ATIVO
Quem me nega trabalho, negô
Não terá outra chance de negar
Negro é homem trabalhador
Todos sabem, ninguém pode negar.
Quem me nega salário, negô
Não terá outra chance de negar
Meu suor tem valor, meu senhor
Senhor ainda se nega a pagar.
Quem me nega oração, negô
Não terá outra chance de negar
Negro reza pra teus orixás,
Pra Ogum, pra Xangô e Oxalá.
Quem me nega a paz, negô
Não terá outra chance de negar
Nego-ativo livro o mundo sim senhor
Zumbizando pro mundo se libertar.
Quem nega a luta, negô
Não terá outra chance de negar
Capoeira é atitude do negro
Atitude é a força pra lutar.
Quem me nega a raça, negô
Não terá outra chance de negar
Preto é cor, negro é raça
Sou negro e com raça não vou sonegar.
Quem me nega justiça, negô
Não terá outra chance de negar
Justiça se faz com amor
Negraz, a humanidade é incapaz ao julgar.
Quem me nega amor, negô
Não terá outra chance de negar
Nega ama teu nego em nagô
Negritude pro mundo amar.
Me negaram de tudo
Nesta terra de negro sem lar
Sei que não me negas, senhor,
Sou teu filho, ninguém pode negar
UM SARAU COOPERIFA - - COLETÂNEA DE POEMAS RECOLHIDOS EM 24.O1.07, VÉSPERA DO ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO, NO SARAU DA COOPERIFA, POETAS DA PERIFERIA DE QUE SE REÚNEM TODAS AS QUARTAS.- São Paulo: Dulcineia Catadora, 2007. 32 p. capa cartão pintado
a mão. Ex. bibl. Antonio Miranda
Notícia de Jornal
Foi encontrado morto José da Silva Brasileiro
Em sua residência debaixo do viaduto
Na rua Treze de Maio esquina com a Brigadeiro
Aberto inquérito na polícia
Constatou a perícia
Um vazio no abdome
Homicídio, suspeita-se da fome
Fome é crime federal
Já se fala em CPI
No Congresso Nacional
Detectada a participação de empresários
Do setor de laranja
Que para os banqueiros dão canja
Enquanto dão sopa para outros milionários
As investigações levam a crer
Que ele tinha passagem pela polícia
Pois possuía RG
Era envolvido com a falta de educação
Comércio de latinha
Puxava uma droga de carrocinha
Era o rei do papelão
Comovido um latifundiário
Doou sete palmos de terras improdutivas
Para no enterro ser solidário
Em nota a igreja já se manifestou
Sua alma não ficará ao léu
Crente que encontraria com Deus
Já havia adquirido um terreninho no céu
Indignado o presidente expressa comoção
E anuncia a liberação de verbas
Para que alguma ONG providencie o caixão
*
VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em outubro de 2022
|